domingo, 6 de julho de 2025

Nova Linha Porto-Braga-Vigo

A anunciada Linha de Alta Velocidade (LAV) entre Porto e Vigo, é um projecto ferroviário inserido no denominado Eixo Atlântico, unindo a Galiza e o Norte de Portugal, ao longo do corredor litoral.


Um projecto que começou a ser trabalhado já no início deste século.
Tal como em todos os outros projectos ferroviários, esta LAV vem sofrendo sucessivos adiamentos no cronograma de estudos, decisões e execução.

Atualmente há ainda indefinição quanto ao traçado final e posicionamento de algumas estações, nomeadamente Braga, Ponte de Lima e o acesso a Valença.

Faseamento do Projecto

Numa primeira fase (para já entre 2028 e 2032) consta a execução do troço entre a Estação de Campanhã e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, e consta a execução do troço entre Braga e a fronteira com Espanha em Valença.

A Ligação entre o Aeroporto Sá Carneiro e Braga, em que haverá partilha de canal com o ancestral Ramal de Braga entre Nine e as cercanias da cidade dos arcebispos, está prevista para lá de 2032.

🤔🤔🤔 Isto levanta questões 🚨🚨🚨

Será a procura entre Braga e a Galiza, tão maior e prioritária em comparação com a procura entre Braga e o Porto (e ulterior faixa litoral até Lisboa) ??

Claro que não.

A ter de priorizar e fasear alguma coisa, a primeira fase devia contemplar a ligação Campanhã-Aeroporto-Braga, deixando para depois a ligação entre Braga e a fronteira luso-espanhola.

Pelos seguintes motivos:

  1. Continuidade infraestrutural da Linha Lisboa-Porto-Aeroporto-Braga com uma prestação de velocidades e tempos de viagem homogéneos, que agregue Braga a este eixo. Isto em vez da solução de canalizar os comboios de longo curso para Braga pela primitiva, saturada e lenta Linha do Minho.
  2. Dar acesso direto de Braga ao Aeroporto Sá Carneiro, previsivelmente na casa dos 20 minutos. Isto é gamechanger para um território. O Aeroporto Sá Carneiro não é só do Porto. É de Viana, é de Aveiro, é de Vila Real,..., é de Braga também. Portanto, têm de se criar acessos ferroviários ao aeroporto para toda a região, e no âmbito deste projecto, é prioritário começar já por Braga.
  3. É um segmento do projecto mais curto. Dos 141 Km totais do projecto, estamos a falar de 52, sendo que 11 deles já existem na forma do Ramal de Braga, que terá de ser objecto de modernização.


Características da Linha Porto-Braga-Vigo

Que infraestrutura é que é necessária? Com que capacidade?
Serviço previsto? Quantos comboios por hora e dia em cada sentido?
Via única ou Via dupla?
Tempo de viagem necessario para garantir a atratividade e competitividade do serviço?
Patamares de Velocidade da via para esses tempos de viagem?

A Procura:

Estudos estimam uma procura potencial de cerca de 1,5 milhões de passageiros/ano na futura LAV entre Porto e Vigo, valor semelhante ao da ligação Lisboa–Madrid em termos de demanda prevista.

Ou seja, aproximadamente 4 100 passageiros por dia em média.

São 5 comboios de 400 lugares por sentido, diariamente.

Essa procura virá de quem já usa o comboio, de quem usa o transporte rodoviário expresso e de quem usa o automóvel neste corredor. Se os tempos de viagem e os padrões de acesso e conforto da viagem na futura LAV Porto-Vigo forem atrativos, vai induzir-se mais procura, muito além da que hoje existe.

Atualmente, o serviço Celta pela Linha do Minho transporta cerca de 300 passageiros por dia, em 4 circulações diárias, duas em cada sentido.

A maior oferta de transportes neste eixo assenta nas ligações rodoviárias expresso:

Não há dados concretos das taxas de movimento na autoestrada A3, segmentadas entre Porto e Braga e Braga e Vigo. Mas quem a percorre quotidianamente tem a noção de que há bastante mais movimento rodoviário na A3 a sul de Braga, do que a norte da cidade.

Como já percebemos, neste eixo podemos segmentar a procura em dois sectores: Porto-Braga e Braga-Vigo.

A procura entre Porto e Braga, com passagem pelo Aeroporto, terá de ser satisfeita com maiores frequências do que entre Braga e Vigo.

Então, numa visão preliminar de serviços ferroviários de longo curso neste eixo, imaginamos o seguinte:





Comboios Porto-Braga-Vigo, porventura estendidos a Lisboa e Corunha.
Intercalados com comboios Lisboa-Porto-Braga

Do que se sabe estar projectado, a LAV Porto-Braga-Vigo está prevista como via dupla. Será necessário ser dupla em todo o seu traçado?

Via dupla ou via Única?

Via dupla e operacional com sinalização ERTMS é tecnicamente capaz de acomodar até 12 comboios por hora, em cada sentido.

Já a via única, pode comportar até 3 comboios por hora por sentido, contando com uma localização de estações para cruzamentos e ultrapassagens com tempo de viagem optimizados entre elas à volta de 15 a 20 minutos.

O que está previsto como serviço inicial entre Porto e Vigo é 1 comboio por sentido a cada duas horas. Mas quê? Estamos a falar 7 ou 8 comboios por dia em casa sentido. Comboios que terão no mínimo 400 a 600 lugares. 

Com efeito, parece-nos que muito dificilmente se pode esgotar a capacidade de uma via única neste no segmento Braga-Vigo.

A procura atual não justifica sequer 1 comboio por hora em cada sentido no segmento entre Braga e Vigo.

Portanto, podemos assumir a via única como uma solução infraestrutural suficiente para várias décadas neste sector norte da nova LAV.

Não devemos esquecer que antes de tentar duplicar a infraestrutura pode-se recorrer a comboios com mais lugares. Quando os comboios de 600 lugares estiverem cheios, pode-se recorrer a composições duplas ou mesmo material circulante de 1000 e 1500 lugares, que os há.

Tempo de Viagem?

Mas que tempos de viagem precisamos para tornar o futuro serviço ferroviário irresistível face aos outros modos, e assim justificar o investimento?

O tempo ideal para que uma viagem de comboio seja mais atrativa e competitiva do que a mesma viagem feita de automóvel depende de vários fatores (conforto, preço, frequência, fiabilidade, conveniência), mas o tempo da viagem per si é um dos principais elementos.

Regra geral baseada em estudos e boas práticas:

Para o comboio ser claramente competitivo, deve demorar entre 50% a 70% do tempo da viagem de carro.

Abaixo de 60% do tempo do automóvel, o comboio já é visto como altamente competitivo.

A 80% ou mais do tempo do automóvel, o comboio só será atrativo se oferecer vantagens significativas (ex: evitar trânsito, possibilidade de trabalhar a bordo, menor stress, ligação direta ao centro da cidade, etc.).


A viagem de automóvel entre Porto e Vigo demora entre 1h30 a 2 horas. De Rodoviária expresso demora cerca de 2 horas.

O comboio para rebater esta concorrência terá de fazer o percurso em em cerca de 1h10.

No sector entre Braga e Vigo, a atratividade situa-se nos 40 minutos.

No sector entre Braga e o Aeroporto, a atratividade do tempo de viagem em comboio estima-se nos 25 minutos.

Num sistema de equações entre estes tempos de viagem estimados, sectoriais e no percurso total, apuramos o seguinte esquema de tempos de viagem que o projecto da infraestrutura terá de satisfazer:



Patamares de Velocidade

Para satisfazer os tempos de viagem atrativos e competitivos, temos de ter a infraestrutura preparada para se circular a 200 Km/h.

O que consta no projecto atual, é uma LAV Porto-Braga-Vigo projectada para a o transporte de passageiros apenas, com patamares de velocidade máxima de 250 km/h (linha de alta velocidade conforme critérios europeus) e mínima de 160 km/h. O aproveitamento do canal ferroviário do Ramal de Braga deve ser objecto de alguma intervenção neste sentido.

Não há planos para ser uma LAV 300 km/h, nem para compatibilizar o transporte de mercadorias, pois a orografia do canal é bastante desafiadora com sucessivos e frequentes vales e formações montanhosas em curtos espaços, o que faria disparar os custos e os desafios de viabilidade técnica.

Assumindo que todos os serviços terão paragens regulares em Campanhã, Aeroporto, Braga e Vigo, as distâncias entre estas paragens não permitirão colher benefícios de patamares de velocidade acima de 200 km/h, sobretudo entre Porto e Braga. 
O impacto da velocidade projetada nos custos de construção de uma ferrovia é significativo, especialmente ao se passar de 200 km/h para 250 km/h. Esse salto de velocidade envolve mudanças técnicas importantes que afetam diretamente o custo por quilômetro: geometria da via, raios de curvatura do traçado, declives.
Projetar uma ferrovia para 250 km/h em vez de 200 km/h pode dobrar o custo da obra em certos contextos, principalmente devido a exigências de traçado, infraestrutura e sistemas de controle. Portanto, esse aumento de velocidade precisa ser muito bem justificado por ganhos em tempo de viagem, volume de passageiros ou integração com outras redes de alta velocidade.

E... a continuidade da linha no eixo Atlântico, a norte de Vigo até à Corunha, está estabelecido também a 200 km/h.


Estações:

Porto Campanhã e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro são assuntos resolvidos. O que está por definir são mesmo a localização da estação de Braga, e dos postos de ultrapassagem e estacionamento de Ponte de Lima e Valença, quiçá possam ser promovidas a estações até.

Critérios Preferenciais:
  • Localizar as estações o mais centrais possível.
  • Ter estações que conciliem a ferrovia convencional pré-existente com as novas ligações:
    • Melhores correspondências e intermodalidade
    • Melhor acessibilidade local e regional
    • Menos transbordos

Braga:

Vejamos o traçado estudado pela extinta RAVE, na primeira década deste século:

Após partilhar o canal do Ramal de Braga, a nova LAV diverge para sul em Tadim para cruzar em túnel o Ramal de Braga em direção ao norte na zona de Mazagão, até desembocar na zona de Gondizalves.

A primitiva RAVE apontava uma estação exclusiva para AV na zona de Gondizalves/Semelhe.
Mas isto foi numa altura em que a Rede de Alta Velocidade que estava a ser projectava era um rede segregada da rede convencional. A bitola era diferente e o pensamento reinante era imaturo e ignorava as virtudes da integração dos sistemas de transportes.
Felizmente, que com a ressurreição destes projectos no âmbito do Plano Ferroviário Nacional, houve lucidez e de promover a integração da Rede Ferrovia como uma só. Com as linhas convencionais e as novas AV num sistema só.

Só que parece que em Braga, apesar deste amadurecimento das ideias, há um estranho apetite por manter a solução de uma estação AV em Gondizalves/Semelhe:

O que não seria mais que um apeadeiro exclusivo para ver parar meia dúzia de comboios em cada sentido.
Uma solução que exclui a correspondência direta com os serviços convencionais que partem/cheguem de/a Braga através do corredor da Linha do Minho e Ramal de Braga.
Uma solução que não sendo nada central, obriga a desenvolver quase todos os acessos rodoviários e da rede de transportes urbanos.

Insistir nesta solução permite especular que há interesses imobiliários muito fortes. Há a história da "Nova Centralidade" que será ali criada e que é importante para a expansão da cidade. Tretas!
O problema é que isso demora décadas a fazer, e Braga tem os principais polos geradores de procura e interesse regional no outro lado da cidade.
Não colhe. Prejudicar o acesso ferroviário à cidade e a toda a região em favor de que? Negligenciar a procura e atratividade? Isto interessa aos futuros operadores? Já estão a perder clientes e a encolher o mercado antes sequer da linha começar a ser construída.

Portanto, se Gondizalves/Semelhe avançar, vai ser das maiores vergonhas para rezar a história de uma cidade bimilenar.

Então? Qual a localização ideal?
Do ponto de vista conceptual, o ideal seria utilizar a Estação Atual! 
Aproveitar o canal e a centralidade ancestral.
Só que...
É tecnicamente muito desafiante. Aliás, só é viável com recurso a túneis enormes, ou com grandes desvios do traçado original, obrigando a rever os estudos todos numa área linear de dezenas de quilómetros.

Mantendo um traçado partilhado com o Ramal de Braga e com a aproximação ao canal da A3 em direção a Ponte de Lima, não é viável sobrepôr a Estação Atual como terminal das ligações convencionais em cima de uma gare passante das nova LAV em direção a Vigo.

Portanto, temos de procurar alternativas.

As alternativas passam por encontrar um local em que seja possível conciliar a linha convencional atual com a nova LAV, onde o traçado seja partilhado ou então onde os traçados se cruzem o mais proximamente possível do centro da cidade. Tadim? Mazagão? Ferreiros?

Sabemos que o governo em que Frederico Francisco era secretario de estado da tutela esteve a estudar Mazagão, no ponto em que o Ramal de Braga seria cruzado pelo traçado ancestral da RAVE.
Só que Mazagão não é suficientemente perto do centro, nem tem acessos fáceis de executar, numa área de colinas e bastante edificada.

Enfim, Ferreiros:

Ferreiros é uma localização em que os acessos rodoviários já existem. Acessos à A3 e A11, EN14, EN103. Tem uma área livre considerável para construção de gare ferroviária e Intermodal rodoviária.

Obriga a desviar o traçado original da RAVE para leste, mas não é difícil encontrar esse canal compatível. A extensão em túnel é equivalente à solução original.

A Gare em si, com dois níveis permitirá a correspondência direta entre as ligações convencionais com as futuras ligações no eixo Porto-Braga-Vigo.

Esta localização permite compatibilizar o acesso ferroviário da estação atual, que funcionária como terminal e continuaria a ser um acesso ferroviário ao centro da cidade.

Ferreiros é fixe👍
Não é péssima como Gondizalves/Semelhe🖕🚩
Não é óptima, porém inviável, como a Estação Atual🥺
Ferreiros é competente, razoável, equilibrada✌️


Ponte de Lima:

Não é consensual que Ponte de Lima possa ter uma gare na nova Linha Porto-Braga-Vigo.

"Porque se os comboios pararem em tantas estações, a linha deixa de de Alta Velocidade"

Desmistificando, os comboios não têm todos de parar em todas as estações.
Neste eixo, Ponte de Lima e Valença não geram a procura que Porto, Braga e Vigo geram.

Mas, estas linhas precisam de Postos de Ultrapassagem e Estacionamento -PUET. Locais em que é possível haver cruzamentos e ultrapassagens de comboios para cumprir horários. Ainda mais no caso de uma linha em via única, tal como se defende neste segmento a norte de Braga.

Então, seria interessante ter um PUET nas cercanias de Ponte de Lima, no local do traçado mais próximo da vila.

E dotar esse PUET de valências de gare ferroviária, para que se considerem paragens de serviços de carácter Regional/Interregional.

Antecipamos um local coincidente com o principal acesso rodoviário à vila, com conectividade com a A3, A27 e EN203.


Valença:

Valença tem a sua estação historicamente bem centrada.

Só que o traçado da nova Linha Porto-Braga-Vigo passará alguns quilómetros a leste da cidade raiana.

Admitindo que deve haver um PUET em Valença, defendemos que os serviços que venham a servir este destino devem convergir para a Estação atual, de forma a criar correspondência direta com os regionais da Linha do Minho.

Há uma solução estudada, que consiste num Bypass que aproveita o canal da antiga Linha para Monção, que pode fazer de Valença uma estação terminal para os serviços de carácter Regional/Interregional que venham a fluir pela nova Linha Porto-Braga-Vigo.

Esta solução tem o inconveniente de não permitir a passagem direta por Valença no eixo Porto-Braga-Vigo.
Mas também, a Estação de Valença tal como está enquadrada na Linha do Minho, pode ser um local de passagem de um serviço de Cercanias/Regional transfronteiriço entre Viana do Castelo e Vigo.

Um segundo Bypass na saída sul da estação de Valença é tecnicamente mais desafiante, num contexto de mais expropriações e demolições, e rampas mais íngremes.

Do lado galego, está prevista a execução da saída sul de Vigo, um túnel que transformará a Estação de Urzáiz em passante:



Assumindo esta configuração das estações ao longo da nova Linha Porto-Braga-Vigo, esquematiza-se assim o diagrama se serviços, em função da capacidade e patamares de velocidade que idealizamos:

Nesta visão preliminar, propondo já serviços a cada duas horas e em cada sentido, temos a capacidade da linha ainda longe de estar esgotada.

Claro que a atratividade associada a este diagrama de serviços será indutora de procura crescente ao longo dos anos. Mas até esgotar a capacidade, deve-se procurar rentabilizar o investimento.

Uma via férrea é sempre cara, e o que a paga são os comboios que nela circulam.

Não faz sentido ter linhas para passar meia dúzia de comboios por dia.

E numa região com características geográficas Multipolitanas como Litoral Norte, há muita população próxima da nova Linha Porto-Braga-Vigo que pode ficar só a ver os comboios passar.

Por isso, avançamos um capítulo dedicado a estudar/propor um conjunto de intervenções que podem fazer a Linha Porto-Braga-Vigo ser rentabilizada e aumentar ainda mais a sua área de influência.


Projectos Anexos à Linha Porto-Braga-Vigo:


Esta proposta pode ser lida em maior detalhe carregando no link. Sintetizando:

A bicéfala cidade Póvoa de Varzim / Vila do Conde, é o sétimo aglomerado urbano mais populoso do país e o terceiro da Região Norte, atrás apenas do Grande Porto e de Braga.
Tem vida própria só por si, mas tem também muita interdependência socioeconómica com as subregiões vizinhas.


Está artificialmente absorvida pela Área Metropolitana do Porto, e uma das facturas que paga por isso, é que está desconectada da Rede Ferroviária Nacional.

Como disfarce, tem a Linha B do Metro do Porto, cujos padrões de serviço urbano e suburbano se traduzem em ineficiências na resposta às necessidades de mobilidade regional e, na falta de competitividade face à rodovia.

Por isso, com a futura Linha Porto-Braga-Vigo a passar a menos de 10 Kms desta conurbação, é pertinente estudar uma solução de conectividade ferroviária regional:


A proposta é um ramal de cerca de 12 Km, com padrões convencionais, que entronque na Linha Porto-Braga-Vigo, e aproveite os canais horários livres desta para ligações de carácter Regional com o Grande Porto.

Além das relações com o Grande Porto, a Póvoa de Varzim e Vila do Conde têm relações importantes com o Vale do Ave e o Vale do Cávado que nos dias que correm estão orientadas para o automóvel particular. As soluções rodoviárias interurbanas são pouco frequentes, têm tempos de viagem assustadores.

Nos meses de Verão a corrida às praias afoga os acessos rodoviários a estas cidades.

Por isso, é demasiado óbvia a procura que pode ser induzida em novos serviços ferroviários Regionais nesta área geográfica:



Enquanto a relação com o Vale do Cávado e Braga é linearmente satisfeita em Nine, já a relação com o Vale do Ave necessita de uma segunda intervenção que é um Bypass a sul de Nine entre a Linha Porto-Braga-Vigo e a Linha do Minho em Louro:



O financiamento destes projectos anexos pode beneficiar da redução de custos na LAV Porto-Braga-Vigo, com a construção em via única do segmento Braga-Valença e com a redução dos patamares de velocidade máxima de 250 para 200 Km/h.

Numa visão complementar a esta Nova Linha Porto-Braga-Vigo, podemos enquadrar outros projectos, os quais relembramos e convidamos a reler:






Termina aqui, uma visão geral da revolução ferroviária que a Nova Linha Porto-Braga-Vigo e os projectos complementares podem gerar na Região:



segunda-feira, 30 de junho de 2025

A Ferrovia no Minho. O Regresso da Concordância de Nine?

A ferrovia chegou há 150 anos ao território coincidente com a província histórica do Minho.

Em 1875: inaugurou-se o troço inicial entre Porto‑Campanhã e Nine, em conjunto com o Ramal de Braga.

Nos anos seguintes, a Linha do Minho foi sendo prolongada:

Em 1877 até a Barcelos;

Em 1878 até Caminha;

Em 1882 conexão final até Valença.

6 de agosto de 1882 é, portanto, a data em que a Linha do Minho ficou concluída até Valença, perfazendo o percurso completo entre Porto e a fronteira .

Atualmente a infraestrutura está toda electrificada. 
Mas há ainda alguma heterogeneidade.
O ramal de Braga tem comunicações e segurança eletrónica, enquanto a Linha do Minho entre Nine e Valença está ainda em padrões de comunicação e segurança do século XX.

Isto apesar de ter sido objecto de obras no final da década passada.
Obras essas que deixaram os cais das estações e apeadeiros sem comprimento para receber comboios com mais de 3 carruagens.

A falta de vontade política de apostar na ferrovia tem aqui mais uma prova.
Nos gabinetes de Lisboa decidiram que três carruagens por comboio era suficiente. Já aqui no Minho os comboios seguem lotados, com demanda para o emprego de mais carruagens nos Interregionais, só que as mesmas ficariam fora da gare, criando riscos aos passageiros, tal como acontece no Intercidades de/para Valença que tem metade da composição fora das plataformas para a entrada/saída de passageiros.

Nos gabinetes de Lisboa também decidiram que os tempos de viagem não precisavam ser melhorados. Deixar a ferrovia com tempos de viagem iguais ou mais dilatados que o transporte rodoviário é um contracenso natural. O comboio tem tudo para ser mais rápido, fiável e seguro.
A infraestrutura é mais cara, por isso, faz todo o sentido potenciá-la o mais possível e tentar tirar da mesma a máxima rentabilidade.
Em Portugal, a prática que vigora é subdesenvolver a ferrovia, deixá-la estagnada em padrões que não ofendam os interesses da rodovia. Isto nos casos em que não se consegue encerrar as linhas.

A oferta de serviços de passageiros na Linha do Minho e Ramal de Braga:


A heterogeneidade da infraestrutura também se reflete na operação comercial.

O eixo Porto-Braga tem diariamente uma oferta de cerca de 26 suburbanos e 6 comboios de Longo Curso, estendidos de/até Lisboa, por sentido.

A frequência da oferta não é má, estando no limiar dos dois serviços por hora e por sentido. O problema maior é a natureza do serviço suburbano efetuar demasiadas paragens, penalizando o tempo de viagem ponta a ponta, tirando competitividade.

Já o eixo Porto-Viana do Castelo-Valença tem diariamente uma oferta de 6 ligações diretas Regionais/Interregionais, 2 Internacionais Celta e 1 Intercidades, o que perfaz 9 ligações diretas diárias por sentido.

Além da melhor infraestrutura, é natural que Braga polarize mais ligações diárias, pois é claramente a cidade mais populosa da região e com os maiores polos de interesse regional do Minho.

Ainda assim, há um mercado de deslocações no eixo Porto -Viana do Castelo - Valença que está a ser negligenciado pela ferrovia.

Nunca houve tantos autocarros diários entre Viana do Castelo e o Porto:

Se somarmos as dezenas de milhar de circulações automóveis diárias na A28, podemos ter a certeza que faltam comboios na Linha do Minho.

Normalmente os comboios Interregionais na Linha do Minho são compostos por 3 carruagens Arco rebocadas por uma locomotiva.


Os cerca de 200 lugares sentados na composição circulam frequentemente lotados e com muitos passageiros em pé.

Há um mercado tremendo para servir com comboios.

Só que... Faltam comboios... E a infraestrutura tem limites.
É um problema nacional, com décadas. Deixou de existir uma renovação constante do parque de material circulante. Os comboios mais jovens da frota da CP já têm mais de 20 anos. Alugamos ou compramos material circulante usado a Espanha para conseguir manter um oferta mínima em muitas linhas da Rede.

Quanto à infraestrutura, o aumento de capacidade e das frequências no Minho depende sobretudo da quadruplicação da linha entre Contumil e Ermesinde.

Uma nota interessante do Plano Ferroviário Nacional, é a recuperação de uma Concordância entre a Linha do Minho e o Ramal de Braga em Nine.
Com o objectivo de estender os regionais do Minho até Braga:

O princípio da proposta é fantástico.
A interconectividade ferroviária entre o Alto Minho e Braga é francamente ineficiente. Aliás, até dentro da CIM do Cávado é má a conectividade entre Barcelos e Braga.

Para melhor se perceber, vamo-nos centrar nas deslocações entre Viana e Braga.

Não há ligações ferroviárias diretas entre estas duas cidades.
Há sempre a necessidade de um transbordo em Nine.
Como na operação ferroviária portuguesa não há uma prática de horários cadênciados, as correspondências ferroviárias para troca de comboio variam muito e são pouco fiáveis:


Atualmente, pesquisando nos horários da CP,  há 15 "ligações" por sentido diariamente entre Braga e Viana.
Ligações que fazem corresponder entre si Urbanos, Intercidades, Alfas, Regionais e Interregionais e até o Celta. O que torna muito heterogéneas as características de viagem e o seu custo.

O tempo de viagem pode variar entre os 60 minutos e as duas horas e dez. Os tempos de espera em Nine podem ir dos 5 aos 54 minutos.

Esta oferta muito dificilmente pode competir com isto:

De automóvel é uma deslocação que pode demorar entre 40 minutos a 1hora e 5.

Para rebater isto, a ideia de estender os Regionais do Minho até Braga é fundamental. Contudo, isoladamente esta extensão não garante o sucesso.
É preciso associar este novo serviço a horários cadênciados e a um tempo de viagem na casa dos 50 minutos para conseguir ser uma solução de mobilidade a sério na região, competitiva com a rodovia, como resposta às necessidades de mobilidade transversais do Minho, desde o Vale do Minho até ao Vale do Cávado.

A intervenção infraestrutural necessária é a recuperação de um bypass entre a Linha do Minho e o Ramal de Braga.

Às voltas com esta questão, procuramos esboçar soluções, como e por onde se pode realizar este bypass. Será possível reconstruir a antiga concordância ainda em Nine?
Ou é necessário procurar alternativas mais a norte, compatíveis com o objectivo e com as linhas previamente estabelecidas?

1. A reconstrução da Concordância Ancestral de Nine não é tão fácil de realizar. O canal da concordância ancestral foi inviabilizado com a reforma do Ramal de Braga no início do século:

É tecnicamente difícil associar a curva ao cruzamento da via dupla do ramal de Braga, que desde 2003 se projecta para Braga num raio de curvatura mais aberto.
É igualmente difíci executar um cruzamento desnivelado, pois há pouco espaço para rampas aquém e além do cruzamento com o ramal de Braga.

2. Solução Concordância Nova a norte de Nine
Umas centenas de metros a norte da estação de Nine, o primeiro arco ferroviável entre os canais da Linha do Minho e do Ramal de Braga:


Esta hipótese na área de influência da estação de Nine, é remotamente possível. O canal de 600 metros de extensão conflitua com edificado e acessos rodoviários que entretanto se desenvolveram naquela àrea.

3. Nova Linha entre Braga e Barcelos por Martim?

Nos antípodas das soluções de concordância em Nine, surge a hipótese de uma nova Linha entre Braga e Barcelos, através do canal da EN103.

É uma solução que encurtaria a distância e o tempo de viagem entre as duas cidades:

Mas são 14 quilómetros de nova infraestrutura, num canal bastante edificado, o que expõe o projecto a uma brutalidade de expropriações e demolições.
A amarração da nova linha no Ramal de Braga, na área de Maximinos/Ferreiros seria bastante desafiadora para coexistir com as vias rodoviárias que saturam aquele espaço.

4. Bypass Arentim - Rio Côvo

No meio termo está muitas vezes a virtude.
Os traçados da Linha do Minho e do Ramal de Braga aproximam-se mutuamente a partir de Barcelos e Braga respectivamente, até aos lugares de Rio Côvo e Arentim. A seguir a estes pontos os traçados vergam dirigidos mais a sul, deixando de encurtar a distância entre as duas cidades e começando esta a aumentar.

É portanto entre Arentim e Rio Côvo que consegue o canal mais curto entre a Linha do Minho e o Ramal de Braga, que simultaneamente aproxima as duas cidades de Barcelos e Braga.
Nem mais a norte nem mais a sul, é mesmo entre Arentim e Rio Côvo.

Estudando a orografia com critérios ferroviáveis, desenvolve-se um traçado que minimiza os conflitos de expropriações e demolições. A moeda de troca é que necessitará de mais aterros, taludes e possivelmente um túnel, o que encarece o processo construtivo.

Ainda assim, tem um terço da extensão da hipótese anterior. No final de contas, há de ser mais barata, mais rápida de executar e menos conflituosa com o território atravessado.

Promove uma distância de 20,5 quilómetros entre Barcelos e Braga, e um tempo de viagem estimado de 14 minutos sem paragens intermédias. 22 minutos se estas existirem. São apenas mais 3,5 quilómetros de extensão do que a hipótese anterior. E concorre também para dar frequência aos apeadeiros do Ramal de Braga.

O desenho da solução infraestrutural tem sempre associada uma visão de serviço a ser prestado.

Com o Bypass Arentim - Rio Côvo, estamos a criar condições para um novo mapa de serviços ferroviários no Minho:

Dependendo de um aumento da capacidade da Linha do Minho entre Contumil e Ermesinde, e de uma maior frota de material circulante disponível, a resposta mínima exigível para acorrer à demanda de mobilidade nesta região será:
  • 1 Comboio Regional Expresso (herdeiro dos atuais Interregionais) a cada hora e por sentido entre Viana do Castelo e o Porto. Sendo que um será estendido a/de Valença a cada duas horas. Esta solução coloca Barcelos com frequência de 1 hora e a 40 minutos do Porto, o que dispensa a ideia de criar mais um serviço Urbano na Linha do Minho até Barcelos. Essa ideia apenas serve para segurar mais um bocado a Linha do Minho com serviços a parar nos apeadeiros menos procurados da Linha.
  • 1 Comboio Regional e 1 Comboio Urbano a cada hora e por sentido entre Braga e o Porto. O objectivo é ter mais viagens rápidas entre as duas cidades, parando apenas nas estações de maior fluxo. No panorama atual, prevalecem serviços urbanos que param em praticamente todos os apeadeiros, sabotando o potencial de mobilidade regional do comboio, com perda de competitividade face a outros modos.
  • 1 Comboio Regional a cada hora entre Braga e Viana do Castelo. Sendo que um será estendido a/de Valença a cada duas horas.

Na nossa visão, a forma como os serviços ferroviários estão segmentados na Região Norte não está correcta.

Os Suburbanos do Porto estão segregados de uma forma que se sobrepõem aos serviços Regionais e Interregionais. Isto penaliza bastante a competência e tempos de viagem de/para Braga, Guimarães, Marco de Canaveses e Aveiro. Geram transbordos em Nine, Marco de Canaveses e Aveiros, que secundarizam ligações regionais para Viana, Régua e Coimbra por exemplo.

Isto parte a rede, desperdiça o potencial da ferrovia nas viagens de média distância. Parece mesmo sabotagem em favor da Camionagem.

Por isso, defendemos um Sistema Ferroviário de Interesse Regional planeado como um todo em cada região.

Em que os Urbanos, Regionais e Regionais Expresso se diferenciam pelo tipo de serviço, pelas paragens que efectuam e pelo alcance geográfico que cada um serve.
Mas coexistindo nos mesmos eixos.

No Eixo Braga Porto, por exemplo, devem coexistir Urbanos e Regionais. O público saberá qual convém apanhar: para a viagem de proximidade a localidades mais pequenas tem o Urbano; Para a viagem mais rápida na média distância procura o Regional.

Em suma, não faltam problemas e limitações na ferrovia em Portugal.
A Região Norte, especialmente no Minho, tem um incrível mercado de mobilidade e transportes para a ferrovia servir.
Há um território de quase um milhão de pessoas, desintegrado, desconectado, que com algumas ligeiras intervenções na infraestrutura se pode transformar!

terça-feira, 1 de abril de 2025

Guimarães - Cidade Ciclável

A bicicleta é uma máquina fantástica.
Multiplica a capacidade de deslocação do ser humano, com o mínimo de energia consumida.

A utilização da bicicleta é também uma forma de contribuir para a redução das emissões de carbono na mobilidade.
É um veículo mais sustentável desde logo no processo de fabrico.

Mas também é relevante a sua maior sustentabilidade na construção e manutenção das infraestruturas que utilizam, comparando com outros modos de deslocação.

Uma mobilidade ativa, pedonal ou ciclável, combate o sedentarismo e os factores de risco cardiovasculares, que tendem a consumir cada vez mais recursos nos sistemas de saúde.

A saúde mental também beneficia da mobilidade ativa.
Pelo contrário, as horas perdidas no trânsito são fonte de irritação e perturbação mental.

Uma grande parte das deslocações de automóvel que congestionam as cidades são deslocações curtas de poucos quilómetros e individuais.
Em ambiente urbano, o tempo de viagem em bicicleta tende a ser menor do que em automóvel.


A bicicleta é entendida como um bom meio de deslocação para distâncias até 5/6 Km, dependendo do declive.
Esta distância diminui em territórios mais acidentados, e aumenta bastante quando as bicicletas têm assistência elétrica.

Há uma grande variedade de soluções no mercado, individuais, mas também para passageiros e até carga:

E será Guimarães uma cidade Ciclável?


Calma aí CMG 🤚

Alguns troços de ciclovias nas bordas da cidade, que não ligam os principais locais de interesse e, que são mais usadas para caminhadas e para passear o cão do que para circular de bicicleta, não fazem de Guimarães uma cidade Ciclável. Já para não falar das bicicletas pintadas no asfalto e no paralelo, que mais não são do que uma armadilha para qualquer ciclista se ver preso no meio de automóveis e dos gases dos seus escapes.



Há alguns dados reveladores:

Segundo os censos, em Guimarães, menos de 1% de deslocações diárias são realizadas em bicicleta

Segundo um trabalho da Universidade das Nações Unidas em Guimarães, das deslocações realizadas nas ciclovias existentes em Guimarães, 98% são realizadas em lazer ou prática desportiva.

Então, porque não usam os vimaranenses mais a bicicleta,
como forma de deslocação no quotidiano?


A infraestrutura que Guimarães apresenta como uma "Rede Ciclável" está muito longe de o ser de forma séria. A maior prova é que ao fim de três ou quatro anos em que é propagandeada como tal, a mesma não é atrativa nem motiva os cidadãos para experimentarem a bicicleta como meio de deslocação no dia a dia! 


As escassas ciclovias dignas desse nome estão orientadas para o lazer. Não estão ligadas entre si.
Não ligam aos locais geradores de procura (escolas, hospital, centros comerciais, etc…)

São permeáveis aos peões para caminhadas, o que gera conflito e perigo para quem nelas circula.

A aposta na convivência em vias partilhadas com o trânsito 🚦 🚗 não oferece segurança. Há a todo o momento um conflito latente pela circulação a velocidades diferentes entre os modos. Há hostilidade automóvel que põe em risco a integridade física do ciclista.
Moralmente, as vias partilhadas têm o efeito de penalizar o ciclista nos momentos em que há trânsito. Os ciclistas veem-se presos no meio dos carros atascados e ainda levam com os fumos dos tubos de escape na cara...
É só estúpido isto. 

Os perigos  das vias partilhadas são exponenciais nos pisos em paralelo quando chove. Tornam-se escorregadios.

E ainda... as vias partilhadas em Guimarães são especialmente perversas porque não há uma sinalização clara e inequívoca de acalmia da velocidade automóvel
Apenas na Av. de Londres há um sinal de 30 Km/h.


No resto da cidade não há sinais de limite de velocidade e só com muita bonomia se acredita que os condutores estão preparados para conviver e respeitar a partilha de via.

Isto é especular com a integridade física e o risco de vida das pessoas que escolhem a bicicleta como meio de deslocação em Guimarães.

Não admira então a frequência com que observam bicicletas e trotinetes a circular nos passeios:


É errado. É ilegal. É perigoso. Mas é um sintoma de que não há soluções seguras para circular de bicicleta na cidade.

Outro aspecto importante na falta de atratividade da mobilidade Ciclável em Guimarães, é a falta de estacionamento próximo, seguro e seco.
Os 3 bicicletários dignos desse nome em Guimarães estão timidamente escondidos em locais que passam despercebidos, em vez de estarem à vista e à porta dos locais geradores de procura.


A experiência de bicicletas e trotinetas partilhadas só serviu para criar antipatia pela causa na população, pois as áreas de estacionamento estavam frequentemente caóticas.

Mediante este diagnóstico, há de facto a necessidade de rever de forma séria a cidade ciclável que Guimarães pode e deve ser mas não é.

O que procuram os potenciais utilizadores de bicicleta para se deslocar no quotidiano?

Acima de tudo: SEGURANÇA!!!

  • Ciclovias segregadas face aos automóveis e peões,
    • imunes ao trânsito automóvel e sem levar com os seus tubos de escape
    • sem peões a passarinhar para não os colocar em risco 
    • piso seguro não escorregadio mesmo quando chove


É que isto é do interesse mútuo de automobilistas, ciclistas e peões.
Os automobilistas fanáticos, que não gostam de bicicletas, se forem coerentes do cérebro, são os primeiros a desejar a existência de ciclovias segregadas que cativem os ciclistas e lhes deixem a estrada livre para brincarem aos popós.

Rede Consistente
  • ciclovias ligadas entre si, que atravessem a cidade e os locais geradores de procura (escolas, hospital, serviços públicos, centros comerciais, etc…)
Comodidade
  • estacionamento em TODAS as ruas, abrigado para ter as bicicletas secas, mesmo quando chove e seguras face ao roubo e vandalismo.


O que existe nas cidades em que a procura pela mobilidade ciclável aumentou?


Ciclovias segregadas, em rede! Seguras e ligadas entre si! Não é preciso inventar nada, basta ver como fazem os bons exemplos



A solução é segregar espaço para automóveis, ciclistas e peões

As ruas e caminhos têm de ser trabalhados para garantir espaço seguro para todos os modos de deslocação:
  • Faixas de rodagem para automóveis
  • Passeios para peões
  • Ciclovias para bicicletas e outro meios suaves sobre rodas

Estas intervenções estão contempladas na proposta Reforma Viária e do Espaço Público:
  • Retirar o tráfego de atravessamento automóvel da Área Urbana, mas mantendo o acesso
    • vai permitir resgatar muito espaço para alargar passeios e implantar ciclovias segregadas
    • só onde não for possível a segregação, se terá de recorrer à via partilhada, mas com medidas efectivas de acalmia da velocidade!
Modelos de Infraestrutura Ciclável

Ciclovia Bidirecional Segregada é a solução mais segura e ideal para as áreas urbanas.
Segurança e minimização do conflito entre condutores, peões e ciclistas


Num contexto interurbano, por exemplo nas estradas nacionais, pode-se utilizar as bermas, tentando isolar ao máximo a berma, com cor diferente e pilaretes

Em ruas/avenidas inclinadas, é admissível segregar apenas a ciclovia no sentido ascendente, enquanto no sentido descendente, em que a velocidade dos diferentes meios é mais compatível, pode-se partilhar a via.

Nas ruas de sentido único em ambiente urbano, é admissível partilhar a via, desde que se cumpram medidas de acalmia do tráfego e se limitem velocidades de circulação, devendo sempre que possível admitir uma contravia ciclável segregada.


Em termos de estacionamento de bicicletas, quem vai para o trabalho, escola, serviços públicos, etc… quer ter a bicicleta perto, segura e seca!!

Em cada rua, meio lugar de estacionamento automóvel pode dar lugar a um bicicletário para várias bicicletas.
Pode ser concessionado e tarifado até.
Importa que seja seco e seguro, com controlo de acesso.


Intermodalidade 

A bicicleta tem o poder de ampliar a área de influência territorial de qualquer estação, apeadeiro ou paragem de autocarro.
Como tal é desejável que as frotas de transporte colectivo contemplem espaço para o transporte de bicicleta.


O acesso ao transporte e aos bicicletários pode e deve estar integrado no mesmo título de transporte!


Um Plano, um Sistema, uma Rede!

Há a necessidade de rever os planos da rede ciclável a sério.

A proposta para o território é um conjunto de:

Ecovias

Ciclovias Intermunicipais

Ciclovias Urbanas Segregadas

Vias Urbanas Partilhadas

Ecovias

Dentro do que já existe parcialmente e do que está planeado, estes percursos acompanham os rios, com um carácter tendencialmente de lazer, não deixando ainda assim de ter a sua importância na rede ciclável:

Ecovia do Ave 27 Km entre Castelões e Serzedelo

Ecovia do Selho 12,9 Km entre S.Torcato e Gondar

Ecovia do Vizela 19,3 Km entre Fareja(Fafe) e Lordelo


Ciclovias Intermunicipais

Têm o objectivo de unir as redes cicláveis de cada município, numa visão regional da rede ciclável.

Idealmente em canais segregados, de forma segura e sem conflituar com o trânsito automóvel.

São também importantes no acesso interno entre a Área Urbana e as vilas nos corredores suburbanos.

Guimarães - Fafe 15 Km

Já existe em todo o seu percurso!

Ocupa o canal desativado da antiga via férrea entre as duas cidades.

Necessita de uma pequena secção na Cruz d’Argola para se interligar com a rede ciclável da Área Urbana.

Guimarães - Vizela 6,2Km

Já existe em grande parte do território vizelense, entre o centro desta cidade e Infias, já perto da fronteira com o município de Guimarães.

A proposta é um canal segregado entre Covas e Infias, que atravesse a Valinha e Nespereira.


Guimarães - Santo Tirso 20,9 Km

A proposta é um canal segregado entre Santiago de Candoso e o Parque da Rabada em Santo Tirso, atravessando Conde, Moreira de Cónegos e Lordelo.

Permite assim satisfazer as deslocações no corredor sudoeste do município.

Em Nespereira segue partilhada com a ciclovia Guimarães-Vizela.


Guimarães - Famalicão 16,6 Km

Entre o Espaço Guimarães e o Parque da Devesa em Famalicão.

Grande parte na EN206:

Permite as deslocações no corredor suburbano para Brito e Ronfe.


Guimarães - Braga 14,3Km

Entre Fermentões e o Campus da UM de Gualtar em Braga.

A secção vimaranense segue em grande parte na EN101:

Mas a ousadia desta proposta é encurtar o tempo de deslocação para cerca de 1h, graças a um túnel entre Longos e Gualtar.

Esta proposta de túnel está associada à proposta da Reforma Ferroviária e de uma Nova Linha Guimarães-Braga, que prevê um túnel ferroviário de base sob a Falperra.

Indo buscar inspiração a Bergen (Noruega), onde a galeria de evacuação paralela a um túnel ferroviário naquela cidade, foi transformado numa via ciclável e pedonal para usufruto da população.



Além de facilitar a mobilidade ao permitir ultrapassar uma montanha de forma rápida, é também um ex-libris da cidade com exposições de arte e espetáculo de luz ao longo da sua extensão.
A concretização desta proposta entre Guimarães e Braga, seria uma atração mundial, pois seria o maior do mundo com 4 Km.


Ciclovias Urbanas Segregadas


As intervenções mais importantes no desenvolvimento da rede.
Total 61 Km
Possibilitam atravessamentos das Áreas Urbanas, ligando os locais geradores de procura.

Vias Urbanas Partilhadas

De forma capilar e complementar, em ruas e avenidas com moderação da velocidade.



Visão conjunta de Ciclovias Urbanas Segregadas e Vias Partilhadas na Área Urbana:


O principal desbloqueador da mobilidade ciclável na Área Urbana é a criação de percursos contínuos, seguros, para todas as idades, durante todo o ano.


Percursos segregados que alcançam todas as escolas, atravessam áreas residências e de serviços, fazendo uma rede!

Isto permite a sistematização da...

...Rede de Percursos Cicláveis



A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Sul:



A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Sudoeste:



A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Oeste:




A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Noroeste:




A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Nordeste:







Nova Linha Porto-Braga-Vigo

A anunciada Linha de Alta Velocidade (LAV) entre Porto e Vigo, é um projecto ferroviário inserido no denominado Eixo Atlântico, unindo a Gal...