- Diagnóstico de uma pressão automóvel sem precedentes
- Mais de 70% das deslocações são em automóvel e tendem a aumentar
- Estimadas 200 mil viagens diárias
- Congestionamentos sistémicos nas principais vias de acesso à cidade:
- Pressão para estacionar e ocupar espaço público
- Sinistralidade rodoviária
- Demasiado tráfego de atravessamento na Área Urbana, sem a ter como origem ou destino
- Demasiado tráfego de atravessamento em áreas residenciais☢️🏥⚰️
Este cenário não vai mudar sem alternativas capazes de rebater a conveniência do uso automóvel. Mas para essas alternativas existirem, é preciso preparar o terreno.
E isto não vai lá com proibições e hostilizando os hábitos enraizados na população como se viu nos testes recentes.
É necessário resgatar uma série de intervenções no Sistema Viário, que ficaram na gaveta nos últimos anos, apesar de estarem previstos no PDM e nos estudos PMUS. De forma estratégica e respondendo a objetivos identificados
Objectivos Estratégicos da Reforma do Sistema Viário:
- Diluir a pressão automóvel nos acessos de entrada/saída do centro urbano
- Extrair o tráfego de atravessamento do centro urbano
- Mas mantendo o acesso ao mesmo para quem o tem como origem ou destino
- Para resgatar espaço para canais de transporte público dedicado
- Para resgatar espaço para vias cicláveis segregadas
- Para resgatar espaço para a pedonalização, fruição popular e regenerar o comércio
- Extrair o tráfego de atravessamento das zonas residenciais
- devolver a dignidade e a salubridade a quem vive na margem das ancestrais estradas nacionais ou quem viu os seus bairros invadidos pela passagem de milhares de carros todos os dias
Reforma do Sistema Viário Suburbano:
São precisas novas Vias Distribuidoras e Colectoras no espaço suburbano de Guimarães, de forma a:
- Retirar o tráfego de atravessamento das Estradas Nacionais e Regionais
- Reconfigurando-as como ruas de acesso ao seu entorno residencial
- Reduzindo nestas as velocidades de circulação e risco associado
- Redistribuindo espaço nos seus canais para passeios, transportes em via dedicada e ciclovias
- Criar acessos às Autoestradas em:
- Brito
- Abação
- Serzedo
- Diluindo assim a pressão sobre o nó de Silvares e melhorando o acesso e atravessamento de/para o Norte e Sudeste do território.
Atenção!
É sabido que um dos motivos que nos trouxe para os problemas de mobilidade que temos foi a facilitação à circulação automóvel.
Estas novas vias propostas não servem para aumentar a procura automóvel, pois serão acompanhadas simultaneamente pela desclassificação das estradas nacionais/regionais, convertendo-se estas em avenidas e ruas de características urbanas.
A função de atravessamento e ligação regional/interurbana passa a ser pouco convidativa através da infraestrutura requalificada, com faixas de rodagem mais estreitas, velocidades mais moderadas e convívio com outros modos de deslocação.
As novas vias distribuidoras/colectoras passam a cumprir essa função de atravessamento, com as faixas de rodagem mais largas, maiores velocidades de circulação e segregação bem definida face aos outros modos.
Em termos de Urbanismo, é importante definir que se deve privilegiar a densificação dos corredores suburbanos, em torno das antigas estradas nacionais/regionais requalificados. Já o entorno das novas vias distribuidoras/colectoras deve ser preservado sem construção, para não estarmos daqui a alguns anos com as mesmas questões de mistura de tipos de tráfego de atravessamento e acesso local ineficientes.
Nas áreas residenciais é imperativo devolver a segurança e a salubridade aos moradores
Em termos de novas Infraestruturas Rodoviárias há um conjunto de intervenções que são determinantes para se conseguir reorganizar as rotas de entrada e saída da Área Urbana, assim como para extrair o atravessamento da mesma:
Um impreterível fecho da Circular Urbana Sul-Nascente e a Variante à EN105 são indispensáveis para resolver o tráfego de atravessamento que congestiona a zona sul da Área Urbana, sobretudo o eixo Mumadona - Campo da Feira - Av.D.JoãoIV - Nó do Castanheiro. Os corredores suburbanos sul e sudoeste deixam de depender só da Rodovia de Covas.
Atualmente, as deslocações entre os corredores Este e Noroeste dependem da circular urbana, ou do atravessamento da Área Urbana. É importante ter uma via periférica que facilite a circulação entre Mesão Frio, Aldão, S.Lourenço de Selho, S.Torcato, Pencelo e Fermentões, diluindo a pressão sobre os acessos radiais à Área Urbana.
Podendo ser entendido como uma extensão da anterior variante proposta, neste caso unindo a EN101 e a EN206, entre Fermentões e Creixomil. Este Bypass teria a função de libertar a Circular Urbana e, sobretudo, libertar as áreas residenciais da Carvalha, Creixomil e da Pisca de algum tráfego de atravessamento, podendo-se então requalificar ruas com melhores padrões de pedonalizacão, coexistência e segurança, que hoje em dia são questionáveis nessas zonas.
Mascotelos e Santiago de Candoso têm alguns dos piores exemplos de estrangulamentos de vias, ausência de passeios e áreas residências invadidas por tráfego de atravessamento regional. É importante criar novas vias entre o Stº Amaro, Covas, Salgueiral e Cidade Desportiva, para requalificar as ruas antigas com padrões de pedonalizacão, coexistência, segurança e salubridade. É oportuno um Bypass entre Nespereira e zona baixa de Santiago de Candoso.
A zona Norte do território tem o acesso mais próximo à autoestrada em Silvares, o que contribui para o congestionamento dos corredores Noroeste e Oeste de acesso à Área Urbana. É muito pertinente concretizar o acesso à A11 em Brito, conciliado com uma Variante à EN310 entre a EN206 em Brito e a EN101 nas Taipas.
Seria de extrema importância para ligar Campelos, os Parques Industriais de Ponte e VN Sande, libertando as vias existentes em áreas residenciais para requalificação.
Esta Variante à EN310, teria importância especial nas Taipas, pois criaria um efeito de circular urbana, que libertava definitivamente o centro da vila do tráfego de atravessamento, facilitando ainda o acesso ao AvePark, mas também a Barco, Terras de Briteiros e Póvoa de Lanhoso até.
A implantação desta proposta nas margens do Ave apresenta desafios de âmbito ecológico, mas, é também uma excelente oportunidade de integrar finalmente o rio no projeto de cidade alargada de Guimarães.
É importante consolidar o atravessamento entre as EN101 e EN206, entre Fermentões e Silvares, sendo que do lado de Silvares, a rampa final do percurso atual é bastante íngreme, o que levanta problemas de circulação. A rotunda do Pinheiro Manso deve ser o local de entroncamento em Silvares.
Também é pertinente criar um Acesso ao Parque Industrial de Ponte, que liberte os atuais acessos por Campelos e Toriz, áreas eminentemente residenciais que devem ser requalificadas como tal.
O percurso da EN310 entre Pevidém e a zona da Batoca tem alguns estrangulamentos e está rodeado áreas residenciais.
Por isso, é proposta uma Variante à EN310 com um perfil mais capaz, mas que neste caso acumule espaço para canal segregado de transporte público e ciclovia, em direção ao centro da Área Urbana de Guimarães.
A EN206 tem em Ronfe um carácter de avenida central, pouco compatível com o tráfego de atravessamento.
É essencial criar uma Variante à EN206 para que o tráfego de atravessamento regional flua fora da vila de Ronfe. Assim o canal atual poderia ser requalificado para comportar via dedicada de transporte público e ciclovia.
O percurso da EN207-4 na Vila de S. Torcato tem alguns estrangulamentos e está rodeado áreas residenciais.
Por isso, é proposta uma Variante à EN207-4 com um perfil mais capaz para acomodar o tráfego de atravessamento no corredor suburbano e regional nordestino.
Assim, o atual canal pode ser requalificado para acesso local e via dedicada de transporte público.
A A7/A11 atravessa o sul e sudeste do território, mas isso não serve de nada para aceder a essas áreas do território.
Propõe-se um acesso em Abação para libertar as EM580 e EM579 do trafego de atravessamento, que induz prejuízos e incómodos à população de Abação, Tabuadelo, Pinheiro e Polvoreira.
Em Serzedo, o efeito seria diluir a pressão sobre a EN101. A Autoestrada já existe. Passa à porta das pessoas. Porque não podem elas beneficiar da sua existência?
Com estas intervenções propostas anteriormente, criam-se condições para extrair o tráfego de atravessamento da Área Urbana:
Para executar este objectivo é necessário um novo Plano de Circulação na Área Urbana:
quebrar as rotas de atravessamento internas
extrair esse tráfego para a Circular Urbana e para o 2º anel de novas vias distribuidoras/colectoras
Plano de Circulação na Área Urbana:
Inspirado no modelo da cidade de Ghent na Bélgica.
A Área urbana é dividida em 6 zonas (1+5):
A Zona Central (Centro Histórico) passa a ser condicionada a moradores, acesso a parques de estacionamento, veículos de emergência, transporte público e cargas e descargas.
As outras 5 zonas que circundam a zona central são acedidas a partir do exterior e do “ring” da circular urbana, mas sem que possa transitar diretamente de umas para as outras.
É a chave para eliminar o tráfego de atravessamento, mantendo o acesso.
Os cortes viários interzonas permitem resgatar espaço para canais segregados de transporte público e ciclovias. Serão mais evidentes nos seguintes locais:
- Teixeira Pascoais
- Alameda Alfredo Pimenta
- Paio Galvão
- Av. D. Afonso Henriques
- Campo da Feira
- Mumadona
- Hortas
A circulação interzonas permanece totalmente permeável ao peão, transporte público e bicicletas
Plano de permeabilidade interzonas a canais de transporte público segregados:
Plano de permeabilidade interzonas a vias cicláveis:
Zona Central - Centro Histórico
Coincide com a vila pré revolução industrial, desde Stª Luzia ao Campo da Feira e do Cano à D.João e Couros.
Os locais identificados C são as portas de acesso ao automóvel de forma condicionada: moradores, mobilidade reduzida, viaturas de emergência, cargas e descargas.
O acesso aos parques de estacionamento tem rotas definidas.
Permeável ao tronco comum da rede de transportes em sítio próprio a desenvolver e ciclovias.
Zona de Coexistência, prioridade pedonal:
Piso nivelado em toda a área. Faixas transitáveis em automóvel com piso diferenciado
Numa perspectiva mais ambiciosa, entre a Rua Paio Galvão e o Toural, os canais dedicados para transporte público, devem ser soterrados para preservar a qualidade do espaço público à superfície
Os efeitos da Reforma Viária na Alameda.
Há uma largura entre 40 a 60 metros em toda a extensão.
Uma nova vida urbana pode nascer nesta artéria da cidade, com parques e atrações para o lazer.
Zona Norte:
Coincide com parte de Azurém, desde a Arcela à Quintã e desde os Palheiros a Francos.
Acedida a partir da circular urbana e do corredor suburbano nordeste.
Ruptura de atravessamento rodoviário interzonas nas Quintãs e no Cano.
Expectativa de novos arruamentos interiores e densificação urbana.
Zona Noroeste
Coincide com parte de Azurém, S.Paio e Fermentões desde a Quintã à Atouguia e desde a Srª da Conceição ao Triângulo.
Acedida a partir da circular urbana e do corredor suburbano noroeste.
Ruptura de atravessamento rodoviário interzonas na Quintã, Atouguia, Estádio e Triângulo.
Fronteira entre a Zona Noroeste e a Zona Norte:
Manter o acesso aos moradores, mas cortando a possibilidade de atravessamento. Permeabilidade pedonal, ciclável e transporte público.
Alameda Alfredo Pimenta:
Uma centralidade fundamental para conciliar os canais dedicados de transporte público, aproveitando o espaço resgatado ao tráfego de atravessamento.
Zona Oeste
Coincide com parte de Creixomil, parte de S.Paio e parte de S.Sebastião, desde a Atouguia à Feira e desde as Lameiras ao Triângulo.
Acedida a partir da circular urbana e do corredor suburbano Oeste.
Ruptura de atravessamento rodoviário interzonas no Triângulo, Atouguia, Estádio, Cruz de Pedra e Mercado.
A Alameda Mariano Felgueiras é uma área crítica de intervenção:
A reorganização do espaço tem de devolver à cidade áreas de fruição.
Oportunidade para Parque de Estacionamento subterrâneo, canal segregado de transporte público, ciclovia e libertar a ribeira de couros.
A zona de confluência entre a Alameda Alfredo Pimenta, a Conde Margaride, S.Gonçalo e Paio Galvão é uma área crítica de intervenção:
Zona Sul
Coincide com parte de Creixomil, Urgeses, S.Sebastião e Costa, desde o Salgueiral às Hortas e desde a Cruz de Pedra ao Lugarinho.
Acedido através da circular urbana e corredor suburbano sul.
Ruptura de atravessamento rodoviário interzonas no Campo da Feira, Hortas, Mercado e Cruz de Pedra
A Reforma Viária ao extrair o tráfego de atravessamento da cidade tem implicações nos sentidos de circulação.
Um caso crítico será a Av.D.João IV que passa a ser apenas descendente:
O tráfego ascendente será canalizado em circuito pelas Hortas até à nova via Sul-Nascente, que o devolverá à rotunda no topo da avenida.
Zona Este
Coincide com parte de Oliveira do Castelo, Azurém e Costa, desde as Hortas à Arcela e desde o Cano à Av.Rio de Janeiro.
Acedida a partir da circular urbana, do corredor suburbano Este e da encosta da Penha.
Ruptura de atravessamento rodoviário interzonas nas Hortas e no Cano.
Fronteira entre Zona Sul e Zona Este:
As Hortas serão um importante hub de mobilidade na cidade.
O canal dedicado para transporte público é a fronteira entre a zona Sul e a Zona Este.
Os circuitos rodoviários são isolados nesta zona.
Pedonalizacão
A Área Urbana de Guimarães, assim como as centralidades situadas nos corredores suburbanos oferecem boas perspectivas de promoção das deslocações pedonais.
Caminhadas até 20/30 minutos permitem aceder a grande parte dos destinos.
À razão de 800 metros em cada 10 minutos de caminhada, consegue-se atravessar o Centro Histórico, por exemplo.
O meritório projecto MetroMinuto, tem de ser recuperado, aperfeiçoado e muito mais divulgado!
A pedonalização também é importante nos Sistemas de Transportes. O tempo de deslocação total depende do transporte em si, mas também do tempo a aceder ao mesmo.
A aceitação de distância de acesso a pé aos transportes públicos é:
- Paragens de Autocarro: 10 minutos / 800m
- Estação/Apeadeiro Ferroviário: 15 minutos / 1200m
É por isso importante trabalhar a sinalética de forma a fazer constar o tempo a caminhar até todas as estações/paragens de transporte público.
As ruas de comércio e serviços na área condicionada devem ter sombra e abrigos face ao sol e chuva.
Há vários exemplos de soluções que concorrem para tornar as ruas pedonais mais confortáveis para quem as procura.
Qualificação do Espaço para o lazer e a actividade física
Nas últimas duas décadas, houve uma proliferação de parques de lazer por quase todas as freguesias do município.
Assim como uma institucionalização da prática desportiva, com a subsidiação de infraestruturas, sobretudos relvados sintéticos aos clubes.
Neste processo, está a ficar esquecida a prática desportiva informal, fora dos clubes.
É preciso que haja uma política de acesso informal ao desporto, sobretudo ao nível de infraestruturas.
Na Área Urbana escasseiam estes equipamentos, que têm de ser procurados nos arredores.
Dentro da Reforma da Rede Viária e do Espaço Público, há a oportunidade de aproveitar o espaço resgatado para novos parques infantis e desportivos de acesso público, sobretudo na Área Urbana, em que há uma clara desproporção na oferta destes equipamentos face à densidade populacional.
Seja em cidades vizinhas, seja em cidades europeias, é banal existirem parques infantis e ringues desportivos nas praças e superfícies superiores de parques de estacionamento por exemplo.
Uma Área Urbana central sem exagerado tráfego automóvel, onde se caminha e circula de bicicleta em segurança, e onde há alternativas de transportes públicos com fiabilidade, capacidade e frequência, pode também ser um centro em que se é livre para jogar à bola, andar de skate, descer escorregas e baloiçar sem pudor.
A proposta é facilitar a instalação de ringues desportivos e parques infantis em vários locais da Área Urbana. Por exemplo: Parque da Quintã, Antiga Escola da Veiga, Alameda de S.Dâmaso, Cobertura do Parque de Estacionamento de Camões, Alameda Alfredo Pimenta, Alameda Mariano Felgueiras, entre outros.
Uma visão da Área Urbana com uma cobertura mais homogénea deste tipo de equipamentos.
Mais proporcional à densidade populacional:
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