quinta-feira, 27 de março de 2025

Nova Linha Guimarães-Braga

Se sobrepusermos ao mapa da Rede Ferroviária os corredores de mobilidade regional relativos a Guimarães, percebemos duas necessidades eminentes:
  • Reforma da Linha de Guimarães
    • Aumento de capacidade e diminuição de tempos de viagem para responder aos corredores Sudoeste e Oeste
  • Nova Linha para ligar Guimarães a Braga
    • Integrada num corredor transversal do Minho, melhorando a interconectividade de Guimarães com o Minho e Galiza até.

O comboio é a solução adequada para responder às necessidades de mobilidade regional no Corredor Noroeste, em que são estimadas atualmente 33 mil viagens diárias. É um modo diferenciado em:
  • Capacidade
  • Velocidade
  • Tempo de viagem
E não há outro sistema ou modo capaz de competir nestes atributos, para tirar automóveis das estradas, num corredor tão longo.

E… tem de facto escala regional que não é possível com outros modos, nomeadamente o Metro Ligeiro de Superfície/Tramway, muito mentos o BRT/Metrobus


Uma nova Linha Guimarães-Braga não é só do interesse local destas duas cidades. É um projecto de interesse regional!

É a aresta que falta para fechar uma malha ferroviária com as linhas pré-existentes:
  • Linha do Minho
  • Ramal de Braga
  • Linha de Guimarães
E configura todo um Corredor Transversal do Minho, de Valença a Guimarães, para interceptar a futura Linha AV Porto-Vigo em Braga.

Permite uma ligação direta entre o Vale do Ave e o Vale do Cávado.

Permite uma ligação em laço Porto-Guimarães-Braga-Porto, o qual passaria a ser um dos serviços ferroviário Regional/Suburbano com mais população agregada em Portugal (>1M pessoas no corredor)

Infelizmente...

A reboque do argumento que invoca o menor custo da solução BRT/Metrobus, em que foi apresentado com um custo por Km muito inferior à hipótese ferroviária (quando esta nunca foi sequer seriamente estudada), estamos hoje a esbarrar de frente em valores superiores a 300M€, numa solução apelidada de “moderna” pelos seus promotores, mas que é incapaz de rebater o tempo do automóvel e até do autocarro banal que segue pela A11, nos dias de hoje.

“Mas estamos a fazer um transporte que vai servir as pessoas à porta dos seus trabalhos e suas casas”

Francamente Não! Para fazer isso não é preciso misturar a ligação à futura Estação de Alta Velocidade na equação. Estão só a confundir mobilidade regional com mobilidade urbana, e com isso não vão satisfazer em condições nem uma coisa nem outra.


A ligação entre Braga e Guimarães está a ser corrompida porque quem a debateu e decide também nunca quis entender que a mesma é muito mais do que isso. É uma ligação transversal a toda a região, dentro de uma rede ferroviária previamente existente.

Em Portugal há muito que o ordenamento do território é deficiente e, em matéria de transportes, por vezes as melhores soluções são deitadas abaixo por outros interesses, que vestem rapidamente uma pele académica que diz que os custos são demasiados e os estudos de procura não suportam.

Ignoram-se cenários de procura induzida, ignoram-se escalas operacionais a nível regional que já poderiam justificar os alegados custos mais elevados. E este caso de Guimarães-Braga é talvez o maior exemplo disto a nível nacional.
Uma ligação ferroviária, além de satisfazer a procura estudada no corredor, seria também capaz de induzir muita nova procura em toda a região, desde Valença ao Porto, entre os vales do Lima, Cávado e Ave, o que o BRT/Metrobus não conseguirá, uma vez que será um sistema secundário, com rupturas de carga e perda de atratividade associada.



Nova Linha Guimarães - Braga

Via convencional de 22 Km de Extensão
Túnel de 4 Km sob a Falperra 6 Estações e Apeadeiros    
Atravessamento Diametral de Braga 12 minutos em ligação direta
Entroncamento numa Nova Estação Intermodal de Braga Oeste
Interface com a Linha AV Porto-Vigo




Potencial Suburbano no Corredor Noroeste de Guimarães:

Silvares, Ponte, Taipas e Longos em 12 minutos

 
Potencial nas Ligações de Longo Curso:

Estender os futuros Comboios de Alta Velocidade de Braga até Guimarães com várias frequências
Em menos tempo do que pela ancestral Linha de Guimarães, mesmo que seja reformada.
Ligação ao Aeroporto frequente e em apenas 36 minutos

No fim, o tempo de viagem é que conta, não são os quilómetros percorridos


Potencial nas Ligações Regionais:

Extensão dos Regionais do Minho até Guimarães, em vez de se quedarem em Nine como atualmente.
Fusão dos serviços Suburbanos de Braga e Guimarães em apenas um serviço em laço.


Multiplicação de origens/destinos na mesma ligação.

Fica bem ilustrado o que significará para Guimarães se continuar a ignorar as debilidades da sua conectividade ferroviária.


Assim como o tremendo contraste com o que a Reforma Ferroviária proposta pode fazer para resgatar Guimarães da interioridade a que está a ser condenada:



Uma Renovação da atual Linha de Guimarães e uma Nova Linha Guimarães-Braga, conjugadas com as outras intervenções previstas na Rede Ferroviária Nacional, podem colocar Guimarães com uma conectividade regional equivalente às outras cidades da região.

Promovendo uma diversidade de ligações diretas e uma multiplicação de origens e destinos para aceder/partir diretamente a/de Guimarães, aumentando a utilidade e atratividade do comboio para a população ter alternativa ao uso do automóvel nas deslocações regionais.

Algo que só é possivel com ferrovia e simplesmente não será possível com Metros Ligeiros e BRT/Metrobus.  Estes sistemas diferentes na mobilidade regional, geram rupturas de carga e ineficiências de escala, obrigam a criação de novas organizações e conselhos de administração, só para dar teta a políticos em fim de mandatos.

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