Porque a ferrovia chega a todo lado. Cidades, vilas e aldeias. Aos planaltos, vales junto aos rios e lagos e... às montanhas.
Uma rede que desde os primórdios nunca estagnou. Está em constante renovação e mutação, acompanhando as mudanças territoriais e socioeconómicas ao longo do tempo.
Um território que não tem grandes metrópoles e tem uma dispersão territorial que normalmente os académicos dizem que não é satisfeita por ferrovia. A verdade é que o sistema funciona e serve Zurique e Genebra assim como serve qualquer aldeia nos Alpes.
Funciona porque as pessoas sabem que o comboio existe e sobretudo porque o mesmo chega todas as horas.
Não é preciso adivinhar.
Toda a gente, em qualquer lugar sabe que ao mesmo minuto de cada hora, o comboio vai passar.
As ligações de médio e longo curso estão assim esquematizadas como um serviço de metro:
Os suíços dominaram o tempo com a sua arte relojoeira.
E os seus relógios dominam a ferrovia com a filosofia de horários cadenciados:
Aos mesmos minutos, de cada hora, o comboio chega e parte. Sincronizado com outras ligações ferroviárias, mas também com outros meios de transporte.
Sejam serviços suburbanos, regionais ou de longo curso.
Está arquitetado um sistema de informação global para o passageiro, universal que agrega horários, condições e bilhética, de todos os operadores, estatais, privados, de interesse nacional, regional e local.
Comboios, autocarros, metro/tramway, ferryboat, teleférico/funiculares, todos acessíveis na mesma plataforma:
Numa aplicação do telemóvel, em qualquer lugar do mundo pode-se interagir com este sistema de informação.
Informação que está também nas máquinas de venda, nas estações e até nos paineis informativos dentro dos comboios:
Dentro do comboio temos o ecrã a informar as ligações correspondentes de autocarros na próxima paragem. Saímos do comboio e lá estão os autocarros à espera. Em caso de atraso ocasional o autocarro espera pela correspondência do comboio:
Nos ecrãs da estação consta a morfologia do comboio, conjugando a carruagem com o sector da plataforma correspondente para agilizar a entrada e saída de passageiros:
A comunicação com o passageiro tem uma identidade gráfica transversal a todas as companhias de transporte.
O sistema ferroviário é altamente capilar, flexível e híbrido. São muito prevalentes redes secundárias de vias métricas. Penetram cidades como tramways, seguem pelo campo e montanha como comboios regionais, ágeis em curvas apertadas, nas estradas e pelas montanhas acima vencendo declives até 6% de inclinação:
As lições a aprender com este sistema Suíço são:
- A ferrovia pode ser bem empregue e responder em territórios dispersos e de baixa densidade;
- É possível e desejável articular vários operadores estatais e privados em complementaridade;
- A comunicação e a universalidade gráfica para os utilizadores é um ponto importante;
- O acesso simples e universal aos horários e bilhética simplificados, independentemente do operador é igualmente virtuoso;
- Os horários cadenciados, a previsibilidade e disponibilidade das ligações é excepcional e determinante na atratividade do sistema.