A bicicleta é uma máquina fantástica.
Multiplica a capacidade de deslocação do ser humano, com o mínimo de energia consumida.
A utilização da bicicleta é também uma forma de contribuir para a redução das emissões de carbono na mobilidade.
É um veículo mais sustentável desde logo no processo de fabrico.
Mas também é relevante a sua maior sustentabilidade na construção e manutenção das infraestruturas que utilizam, comparando com outros modos de deslocação.
Uma mobilidade ativa, pedonal ou ciclável, combate o sedentarismo e os factores de risco cardiovasculares, que tendem a consumir cada vez mais recursos nos sistemas de saúde.
A saúde mental também beneficia da mobilidade ativa.
Pelo contrário, as horas perdidas no trânsito são fonte de irritação e perturbação mental.
Uma grande parte das deslocações de automóvel que congestionam as cidades são deslocações curtas de poucos quilómetros e individuais.
Em ambiente urbano, o tempo de viagem em bicicleta tende a ser menor do que em automóvel.
A bicicleta é entendida como um bom meio de deslocação para distâncias até 5/6 Km, dependendo do declive.
Esta distância diminui em territórios mais acidentados, e aumenta bastante quando as bicicletas têm assistência elétrica.
Há uma grande variedade de soluções no mercado, individuais, mas também para passageiros e até carga:
E será Guimarães uma cidade Ciclável?
Calma aí CMG 🤚
Alguns troços de ciclovias nas bordas da cidade, que não ligam os principais locais de interesse e, que são mais usadas para caminhadas e para passear o cão do que para circular de bicicleta, não fazem de Guimarães uma cidade Ciclável. Já para não falar das bicicletas pintadas no asfalto e no paralelo, que mais não são do que uma armadilha para qualquer ciclista se ver preso no meio de automóveis e dos gases dos seus escapes.
Há alguns dados reveladores:
Segundo os censos, em Guimarães, menos de 1% de deslocações diárias são realizadas em bicicleta
Segundo um trabalho da Universidade das Nações Unidas em Guimarães, das deslocações realizadas nas ciclovias existentes em Guimarães, 98% são realizadas em lazer ou prática desportiva.
Então, porque não usam os vimaranenses mais a bicicleta,
como forma de deslocação no quotidiano?
A infraestrutura que Guimarães apresenta como uma "Rede Ciclável" está muito longe de o ser de forma séria. A maior prova é que ao fim de três ou quatro anos em que é propagandeada como tal, a mesma não é atrativa nem motiva os cidadãos para experimentarem a bicicleta como meio de deslocação no dia a dia!
As escassas ciclovias dignas desse nome estão orientadas para o lazer. Não estão ligadas entre si.
Não ligam aos locais geradores de procura (escolas, hospital, centros comerciais, etc…)
São permeáveis aos peões para caminhadas, o que gera conflito e perigo para quem nelas circula.
A aposta na convivência em vias partilhadas com o trânsito 🚦 🚗 não oferece segurança. Há a todo o momento um conflito latente pela circulação a velocidades diferentes entre os modos. Há hostilidade automóvel que põe em risco a integridade física do ciclista.
Moralmente, as vias partilhadas têm o efeito de penalizar o ciclista nos momentos em que há trânsito. Os ciclistas veem-se presos no meio dos carros atascados e ainda levam com os fumos dos tubos de escape na cara...
É só estúpido isto.
Os perigos das vias partilhadas são exponenciais nos pisos em paralelo quando chove. Tornam-se escorregadios.
E ainda... as vias partilhadas em Guimarães são especialmente perversas porque não há uma sinalização clara e inequívoca de acalmia da velocidade automóvel
Apenas na Av. de Londres há um sinal de 30 Km/h.
No resto da cidade não há sinais de limite de velocidade e só com muita bonomia se acredita que os condutores estão preparados para conviver e respeitar a partilha de via.
Isto é especular com a integridade física e o risco de vida das pessoas que escolhem a bicicleta como meio de deslocação em Guimarães.
Não admira então a frequência com que observam bicicletas e trotinetes a circular nos passeios:
É errado. É ilegal. É perigoso. Mas é um sintoma de que não há soluções seguras para circular de bicicleta na cidade.
Outro aspecto importante na falta de atratividade da mobilidade Ciclável em Guimarães, é a falta de estacionamento próximo, seguro e seco.
Os 3 bicicletários dignos desse nome em Guimarães estão timidamente escondidos em locais que passam despercebidos, em vez de estarem à vista e à porta dos locais geradores de procura.
A experiência de bicicletas e trotinetas partilhadas só serviu para criar antipatia pela causa na população, pois as áreas de estacionamento estavam frequentemente caóticas.
Mediante este diagnóstico, há de facto a necessidade de rever de forma séria a cidade ciclável que Guimarães pode e deve ser mas não é.
O que procuram os potenciais utilizadores de bicicleta para se deslocar no quotidiano?
Acima de tudo: SEGURANÇA!!!
- Ciclovias segregadas face aos automóveis e peões,
- imunes ao trânsito automóvel e sem levar com os seus tubos de escape
- sem peões a passarinhar para não os colocar em risco
- piso seguro não escorregadio mesmo quando chove
É que isto é do interesse mútuo de automobilistas, ciclistas e peões.
Os automobilistas fanáticos, que não gostam de bicicletas, se forem coerentes do cérebro, são os primeiros a desejar a existência de ciclovias segregadas que cativem os ciclistas e lhes deixem a estrada livre para brincarem aos popós.
Rede Consistente
- ciclovias ligadas entre si, que atravessem a cidade e os locais geradores de procura (escolas, hospital, serviços públicos, centros comerciais, etc…)
Comodidade
- estacionamento em TODAS as ruas, abrigado para ter as bicicletas secas, mesmo quando chove e seguras face ao roubo e vandalismo.
O que existe nas cidades em que a procura pela mobilidade ciclável aumentou?
Ciclovias segregadas, em rede! Seguras e ligadas entre si! Não é preciso inventar nada, basta ver como fazem os bons exemplos
A solução é segregar espaço para automóveis, ciclistas e peões
As ruas e caminhos têm de ser trabalhados para garantir espaço seguro para todos os modos de deslocação:
- Faixas de rodagem para automóveis
- Passeios para peões
- Ciclovias para bicicletas e outro meios suaves sobre rodas
- Retirar o tráfego de atravessamento automóvel da Área Urbana, mas mantendo o acesso
- vai permitir resgatar muito espaço para alargar passeios e implantar ciclovias segregadas
- só onde não for possível a segregação, se terá de recorrer à via partilhada, mas com medidas efectivas de acalmia da velocidade!
Modelos de Infraestrutura Ciclável
Ciclovia Bidirecional Segregada é a solução mais segura e ideal para as áreas urbanas.
Segurança e minimização do conflito entre condutores, peões e ciclistas
Num contexto interurbano, por exemplo nas estradas nacionais, pode-se utilizar as bermas, tentando isolar ao máximo a berma, com cor diferente e pilaretes
Em ruas/avenidas inclinadas, é admissível segregar apenas a ciclovia no sentido ascendente, enquanto no sentido descendente, em que a velocidade dos diferentes meios é mais compatível, pode-se partilhar a via.
Nas ruas de sentido único em ambiente urbano, é admissível partilhar a via, desde que se cumpram medidas de acalmia do tráfego e se limitem velocidades de circulação, devendo sempre que possível admitir uma contravia ciclável segregada.
Em termos de estacionamento de bicicletas, quem vai para o trabalho, escola, serviços públicos, etc… quer ter a bicicleta perto, segura e seca!!
Em cada rua, meio lugar de estacionamento automóvel pode dar lugar a um bicicletário para várias bicicletas.
Pode ser concessionado e tarifado até.
Importa que seja seco e seguro, com controlo de acesso.
Intermodalidade
A bicicleta tem o poder de ampliar a área de influência territorial de qualquer estação, apeadeiro ou paragem de autocarro.
Como tal é desejável que as frotas de transporte colectivo contemplem espaço para o transporte de bicicleta.
O acesso ao transporte e aos bicicletários pode e deve estar integrado no mesmo título de transporte!
Um Plano, um Sistema, uma Rede!
Há a necessidade de rever os planos da rede ciclável a sério.
A proposta para o território é um conjunto de:
Ecovias
Ciclovias Intermunicipais
Ciclovias Urbanas Segregadas
Vias Urbanas Partilhadas
Ecovias
Dentro do que já existe parcialmente e do que está planeado, estes percursos acompanham os rios, com um carácter tendencialmente de lazer, não deixando ainda assim de ter a sua importância na rede ciclável:
Ecovia do Ave 27 Km entre Castelões e Serzedelo
Ecovia do Selho 12,9 Km entre S.Torcato e Gondar
Ecovia do Vizela 19,3 Km entre Fareja(Fafe) e Lordelo
Ciclovias Intermunicipais
Têm o objectivo de unir as redes cicláveis de cada município, numa visão regional da rede ciclável.
Idealmente em canais segregados, de forma segura e sem conflituar com o trânsito automóvel.
São também importantes no acesso interno entre a Área Urbana e as vilas nos corredores suburbanos.
Guimarães - Fafe 15 Km
Já existe em todo o seu percurso!
Ocupa o canal desativado da antiga via férrea entre as duas cidades.
Necessita de uma pequena secção na Cruz d’Argola para se interligar com a rede ciclável da Área Urbana.
Guimarães - Vizela 6,2Km
Já existe em grande parte do território vizelense, entre o centro desta cidade e Infias, já perto da fronteira com o município de Guimarães.

A proposta é um canal segregado entre Covas e Infias, que atravesse a Valinha e Nespereira.
Guimarães - Santo Tirso 20,9 Km
A proposta é um canal segregado entre Santiago de Candoso e o Parque da Rabada em Santo Tirso, atravessando Conde, Moreira de Cónegos e Lordelo.
Permite assim satisfazer as deslocações no corredor sudoeste do município.
Em Nespereira segue partilhada com a ciclovia Guimarães-Vizela.
Guimarães - Famalicão 16,6 Km
Entre o Espaço Guimarães e o Parque da Devesa em Famalicão.
Grande parte na EN206:

Permite as deslocações no corredor suburbano para Brito e Ronfe.
Guimarães - Braga 14,3Km
Entre Fermentões e o Campus da UM de Gualtar em Braga.
A secção vimaranense segue em grande parte na EN101:

Mas a ousadia desta proposta é encurtar o tempo de deslocação para cerca de 1h, graças a um túnel entre Longos e Gualtar.
Esta proposta de túnel está associada à proposta da Reforma Ferroviária e de uma Nova Linha Guimarães-Braga, que prevê um túnel ferroviário de base sob a Falperra.
Indo buscar inspiração a Bergen (Noruega), onde a galeria de evacuação paralela a um túnel ferroviário naquela cidade, foi transformado numa via ciclável e pedonal para usufruto da população.


Além de facilitar a mobilidade ao permitir ultrapassar uma montanha de forma rápida, é também um ex-libris da cidade com exposições de arte e espetáculo de luz ao longo da sua extensão.
A concretização desta proposta entre Guimarães e Braga, seria uma atração mundial, pois seria o maior do mundo com 4 Km.
Ciclovias Urbanas Segregadas
As intervenções mais importantes no desenvolvimento da rede.
Total 61 Km
Possibilitam atravessamentos das Áreas Urbanas, ligando os locais geradores de procura.
Vias Urbanas Partilhadas
De forma capilar e complementar, em ruas e avenidas com moderação da velocidade.
Visão conjunta de Ciclovias Urbanas Segregadas e Vias Partilhadas na Área Urbana:
O principal desbloqueador da mobilidade ciclável na Área Urbana é a criação de percursos contínuos, seguros, para todas as idades, durante todo o ano.
Percursos segregados que alcançam todas as escolas, atravessam áreas residências e de serviços, fazendo uma rede!
Isto permite a sistematização da...
...Rede de Percursos Cicláveis
A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Sul:
A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Sudoeste:
A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Oeste:
A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Noroeste:
A Rede Ciclável proposta no corredor suburbano Nordeste: